“ECONOMIA E VIDA”
As Campanhas da Fraternidade realizadas, mais fortemente, no tempo da Quaresma têm o objetivo de motivar para a realização de gestos concretos de solidariedade. Especialmente quando são apresentados temas sociais da maior importância e urgência, como o deste ano: “Economia e Vida” e o lema: “Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt 6,24).
È a terceira vez que a CNBB realiza uma Campanha da Fraternidade Ecumênica, sob a coordenação do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil - CONIC. É bom frisar que não se trata de uma campanha sobre ecumenismo, mas, com a participação de outras igrejas. A primeira foi no ano jubilar (2000), do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. O tema “Dignidade humana e Paz” e o lema “Novo milênio sem exclusões”. Sua proposta era motivar o compromisso com o resgate da dignidade humana ferida nos porões da vida, à luz do sol e nos bastidores da política. A segunda em 2005 com o tema “Solidariedade e Paz” e o lema: “Felizes os que promovem a paz”. O crescimento da violência, o terrorismo e as guerras ameaçavam as esperanças de um milênio de paz e exigia uma palavra profética da parte da Igreja.
Nos tempos atuais, tudo gira em torno da economia. É o dinheiro que se coloca diante de muitos e muitas como o grande valor que determina a realização da pessoa, comunidade e sociedade em âmbito nacional e internacional. São as grandes potencias que se articulam, sem levar em conta a situação da imensa maioria excluída. Por outro lado, as nações emergentes já começam a se organizar para defender seus interesses. Os mais pobres apenas assistem a luta pelo poder e se colocam numa total situação de fragilidade e dependência, atitude que contradiz os princípios da justiça defendidos pela Igreja.
O lema da CF-2010 nos recorda que “Ninguém pode servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24). Também o Evangelho nos ensina: “onde está o vosso tesouro aí estará também o vosso coração” (Lc 12,34). É preciso, então, uma vez comprometido com o Evangelho, tomar uma decisão firme e consciente, além de exercitar-se no desprendimento. É a presença do pecado que gera desigualdades e proporciona injustiças sociais.
Constatamos, com tristeza, que a preocupação primeira dos jovens, no momento em que vão decidir sua vida profissional é escolher uma profissão que lhe garanta segurança econômica, colocando em segundo plano a questão vocacional. Fazem isto diante da experiência dolorosa de tantos graduados (as) e até mestres e doutores que conseguiram, com esforço, concluir um curso superior e não encontram mercado de trabalho.
A nossa fé nos orienta para a confiança na Providência Divina. Naturalmente, não vamos cruzar os braço e esperar o “maná” caído dos céus, devemos sim, acreditar na força da unidade, colocando os valores nos seus devidos lugares e nos organizando como comunidade de fé que luta e se estrutura na defesa dos seus direitos.
DOM ANTONIO FERNANDO SABURIDO (Arcebispo de Olinda e Recife)
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